Introdução: As enfermarias de Medicina Interna acolhem doentes complexos, com múltiplas comorbilidades, idosos, frágeis, dependentes, frequentemente com problemas sociais, podendo condicionar internamentos longos. Pretende-se caracterizar a população com internamentos prolongados (IPs), avaliando se foram adequados à situação clínica ou relacionados com questões socioeconómicas. Métodos: Estudo retrospetivo realizado durante o ano de 2014 numa enfermaria de Medicina Interna e que incluiu doentes com internamentos superiores a 20 dias. Os IPs foram classificados como apropriados pela complexidade do quadro clínico, intercorrências ou iatrogenias, e inapropriados se relacionados com falta de condições pós-alta. Resultado: Cento e setenta e sete IPs (10,4% do total de internamentos); 53 homens, idade média 76 anos. Média de internamento 33,8 dias; 39% tiveram previamente alta clínica - dias de alta protelada: 1653. À admissão, 36% parcial- e 17% totalmente dependentes. Comorbilidades: hipertensão (75%), doença cerebrovascular (52%), diabetes (35%), demência (28%). Diagnósticos principais mais prevalentes: acidente vascular cerebral (21%), pneumonia (14%), neoplasia (11%); 14% com necessidade de cuidados intensivos/intermédios. Em 64% o factor de prolongamento preponderante foi clinicamente apropriado - 77% pela complexidade e 15% por infecções nosocomiais. Foram referenciados à Rede Nacional de Cuidados Continuados 23%. Mortalidade 13,0%. Nos 36 meses pós-alta, 59% foram internados, 23% apresentaram IPs e 57 doentes faleceram - mortalidade 37% aos 3 anos. Conclusão: Os doentes com IPs são heterogéneos em relação aos diagnósticos e necessidades específicas. Apesar de 36% dos IPs ser condicionada pelas condições pós-alta, a maioria foi apropriada à gravidade, complexidade clínica ou intercorrências no internamento.
Introduction: Internal Medicine wards host complex patients, elderly, frail, dependent, with multiple co-morbidities and frequently social issues, which may cause long hospitalizations. We intend to characterize the population with prolonged hospitalizations, analyzing whether they were adequate to the clinical situation or related to socioeconomic issues. Methods: Retrospective study conducted during the year of 2014 in an Internal Medicine ward that included patients with hospitalization days higher than 20. Prolonged hospitalizations were classified as appropriate if due to complex clinical presentation, complications or iatrogenies, and inappropriate if related to lack of post-discharge conditions. Results: One hundred and seventy seven prolonged hospitalizations (10.4% of all admissions); 53 men, mean age 76 years. Average 33.8 days of hospitalization; 39% had previous clinical discharge – 1653 days of postponed discharge. At admission, 36% were partial and 17% totally dependent. Comorbidities: hypertension (75%), cerebrovascular disease (52%), diabetes (35%), dementia (28%). Prevalent main diagnoses: stroke (21%), pneumonia (14%), neoplasia (11%); 14% required intensive/intermediate care units. In 64% the preponderant prolongation factor was clinically appropriate - 77% due to complexity and 15% to nosocomial infections. Referred to the National Network of Integrated Continuous Care were 23%. Mortality 13.0%. Thirty-six months post-discharge, 59% had been hospitalized, 23% had prolonged hospitalizations and 57 patients died - mortality rate of 37% in 3 years. Conclusion: Patients with prolonged hospitalizations are heterogeneous with respect to diagnosis and specific needs. Despite 36% of prolonged hospitalizations being caused by post-discharge conditions, most were appropriate to the severity, clinical complexity or complications during the hospitalization.